Foi perante um mar de gente, no People’s Park, em Saint Helier, capital de Jersey, onde decorre o ‘Portuguese Food Festival’, que o diretor regional das Comunidades Madeirenses e Cooperação Externa, Sancho Gomes, agradeceu os bons serviços que os emigrantes madeirenses naquela ilha do Canal têm prestado à Madeira.
“A vossa capacidade de trabalho, a vossa ética e brio profissional são as razões pelas quais sois tão acarinhados e reconhecidos nestas ilhas. E devido a essas características, é também a Madeira que sai engrandecida”, elogiou Sancho Gomes, na cerimónia de abertura deste que é o maior festival gastronómico de Jersey, acrescentando: “Não tenham dúvidas: cá ou lá vocês são uma parte integrante e fundamental da Madeira!”
Depois de enaltecer em nome do Presidente do Governo Regional, o trabalho desenvolvido junto da comunidade em Jersey pelo Conselheiro da Diáspora Madeirense, João Carlos Nunes, que é também o rosto deste Festival, Sancho Gomes destacou a importância do evento para a celebração da madeirensidade.
“Hoje [sábado], reunimo-nos para celebrar algo que vai além de palavras, que sentimos profundamente no coração: a memória da nossa terra e as nossas tradições. Estas são as raízes que nos ligam à identidade madeirense, que vos dão força e que, mesmo à distância, vos fazem sentir ligados à nossa casa que é a Madeira”, disse o diretor regional, considerando que o ‘Portuguese Food Festival’ além de alimentar o corpo com aromas e sabores, vai também refrescar a alma.
Porque, continuou, a Madeira não é apenas uma ilha no Atlântico, mas um lugar que habita dentro de cada madeirense, esteja ele onde estiver. “É a saudade do cheiro do bolo de mel, do pão de casa das nossas avós, das sandes de carne de vinha d’alhos ou de filete de espada, da nossa Laurissilva, da espetada, do som das ondas que rebentam no calhau, da algazarra dos arraiais – onde tantas vezes fomos felizes, não foi? – e de uma boa poncha!”, descreveu, dizendo que a herança identitária é algo de valioso. “É reflexo do nosso povo e do que somos, da nossa cultura, da nossa maneira de ver e viver a vida.”
Num ambiente festivo, em que os madeirenses comungam as suas raízes culturais, musicais e gastronómicas com a população local, Sancho Gomes fez questão de tranquilizar a comunidade em relação aos incêndios. “O pior já passou”, começou por dizer. “Apesar de uma grande área ardida, a verdade é que não há vítimas a lamentar, nem danos patrimoniais de grande monta a registar. O que ardeu foi essencialmente mato e carqueja. A nossa Laurissilva, património da humanidade, praticamente não foi afetada”, disse criticando o “aproveitamento político e partidário” que foi sendo feito, sem respeitar o trabalho empenhado de bombeiros, profissionais da proteção civil, autarquias e Governo Regional.