As obras de recuperação da Capela de São Paulo, a cargo da Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura, através da Direção Regional da Cultura, estão na fase de finalização, sendo que o prazo de execução termina em janeiro próximo.
Recorde-se que a obra foi iniciada em dezembro passado, a cargo da empresa Tecnaco – Técnicos de Construção S.A., com o custo aproximado de 397 mil euros (IVA incluído). A empreitada teve como objetivo recuperar todos os elementos decorativos e construtivos de relevante valor patrimonial e artístico, removendo ou adaptando elementos introduzidos mais recentemente no sentido de harmonizar as várias construções executadas ao longo de quase seis séculos e valorizar assim o monumento, em particular, e o centro histórico da cidade, onde se encontra inserido.
O Secretário Regional de Economia, Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, que recentemente visitou o local, mostrou-se satisfeito com os resultados da obra. “Há vários anos que o Governo Regional tinha como objetivo recuperar esta capela e, em 2021, começamos a desenvolver os estudos necessários à intervenção”, recorda. “É com muita alegria que agora vemos a recuperação já quase finalizada”, disse, referindo que com a colocação do novo pavimento de madeira no interior da capela, ficam apenas a faltar alguns trabalhos de acabamento também no exterior.
Com o restauro de algumas peças a decorrer, a abertura ao público desde espaço deverá acontecer no curso de 2025.
Esta é a mais recente intervenção no património cultural e da Diocese do Funchal levada a cabo pelo Governo Regional depois de algumas importantes obras como a da recuperação dos tetos mudéjares da Sé do Funchal e do Convento de Santa Clara. “Tem havido uma aposta clara deste Executivo na salvaguarda da nossa história e património edificado”, salienta Eduardo Jesus. “A intervenção permitiu uma recuperação integral do imóvel e do seu interior, verificando-se que a mesma foi ajustada, equilibrada e apropriada à natureza deste património edificado”.
A Capela de São Paulo, localizada na freguesia de São Pedro, concelho do Funchal, é constituída por dois volumes datáveis de épocas distintas, correspondentes à capela propriamente dita, cuja construção inicial remonta a finais do século XV / inícios do século XVI, e à antiga residência do capelão, construída entre 1920 e 1940. Trata-se de um imóvel cuja fundação data de finais do século XV, pelo capitão donatário João Gonçalves Zarco, e que terá funcionado como sede da paróquia até à construção da igreja de São Pedro. Junto à capela, funcionou também o primeiro hospital do Funchal. A capela encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1940, é propriedade da Fábrica Paroquial da Igreja de São Pedro.
A Direção Regional da Cultura acompanhou o desenvolvimento do projeto de execução (arquitetura e especialidades) e do caderno de encargos da empreitada, incluindo a elaboração do relatório prévio histórico-arqueológico, nos termos da legislação em vigor.
Neste sentido, tendo em conta o potencial arqueológico relevante para a caracterização das primeiras ocupações antrópicas da Ilha da Madeira, incluindo-se neste âmbito a componente de antropologia biológica já que ali poderiam ter ocorrido algumas das mais antigas inumações da Região, o caderno de encargos da empreitada incluiu a realização de uma escavação arqueológica quase integral da área da capela e o acompanhamento arqueológico dos trabalhos, assim como a realização de trabalhos de antropologia biológica enquadrados na intervenção arqueológica, nos termos da legislação em vigor.
No âmbito dos trabalhos arqueológicos e bio antropológicos realizados, foram identificadas várias inumações de acordo com o que estava previsto no caderno de encargos da empreitada e no Plano de Trabalhos Arqueológicos aprovado pela SRETC/DRC.
Os materiais arqueológicos e osteológicos humanos identificados serão objeto de estudo pela Direção Científica da intervenção arqueológica e pelo especialista em antropologia biológica, nos termos do Regulamento de Trabalhos Arqueológicos (Decreto-Lei n.º 164/2014, de 4 de novembro) e da Circular n.º 1/2014, de 11 de março, Direção-Geral do Património Cultural (atual Património Cultural, I.P.) correspondente aos “Trabalhos de Antropologia Biológica em Contexto Arqueológico”.