Prioritário será ainda a criação de novas faixas corta-fogo e construção de parques naturais, a disponibilização de novas zonas de lazer e de vista que possam atrair os turistas e descongestionar as zonas hoje mais visitadas e o combate às espécies infestantes, até de modo a proteger a Laurissilva.
Miguel Albuquerque falava no início da tarde deste dia quatro de janeiro, durante as comemorações do Dia do Vigilante da Natureza, que decorreram na Gare Marítima da Madeira. Aos profissionais do Corpo de Vigilantes, agradeceu todo o empenho e trabalho realizado.
A propósito, salientou que durante os seus governos sempre apostou no apoio e desenvolvimento de melhores condições de trabalho, bem como de integração, para «esta
unidade especial de Vigilantes da Natureza com as melhores condições de trabalho». Que, relevou, desenvolve uma ação fundamental para o futuro da Madeira.
O líder madeirense aproveitou ainda para agradecer às entidades ali presentes (civis, militares e policiais) o trabalho conjunto e de interação que têm tido com o Governo e com o IFCN, na salvaguarda do nosso património natural, dos nossos habitats e das nossas áreas ecologicamente protegidas.
«Acho que é importante sublinhar que todo o trabalho de salvaguarda do património natural passa pela cooperação aberta, franca e esforçada entre as diversas entidades. Como na vida neste tipo de atividades não conseguimos fazer nada sozinhos», sublinhou. Gostaria também de aproveitar para desmistificar algumas barbaridades que vão correndo por aí, nas redes sociais ou em alguns órgãos de Comunicação Social.
Miguel Albuquerque aproveitou ainda, como disse, para desmistificar “algumas barbaridades” que são ditas nas redes sociais e em alguma Comunicação Social.
Desta forma, começou por acentuou que «os madeirenses e os porto-santenses devem ter um orgulho imenso, porque a Madeira é hoje, no mundo, das regiões com maior percentagem de áreas protegidas, sejam terrestres, sejam marítimas».
«O mar territorial da Madeira tem estatuto de proteção em 89% da sua área, 65% da nossa área terrestre está protegida. Bem poucas regiões no mundo têm esta percentagem de proteção dos seus ecossistemas naturais como nós temos», ufanou-se.
Um trabalho que, recorda, não começou agora, que teve início depois da conquista da Autonomia. «Hoje, a Madeira, graças a este trabalho, que é muito pouco apoiado em termos de fundos europeus e de financiamento (um trabalho que foi conduzido por quem me antecedeu no Governo e que continua agora), temos conseguido proteger o nosso património natural e manter estas áreas protegidas, que são determinantes para a afirmação da Madeira como uma Região desenvolvida», destacou.
Paralelamente, lembrou que «a Madeira, no quadro nacional, através destes sucessivos estatutos de proteção da Natureza, está a contribuir decisivamente para que Portugal consiga atingir o objetivo – não sei se o vai conseguir – definido pela União Europeia e que passa por cada país ter, em 2030, 30% da sua área protegida».
A Reserva das Selvagens foi também tema dominante na sua intervenção, com o governante a enaltecer que aquela é a maior área protegida do Atlântico Norte, tendo sido recentemente foi ampliada para 2.677 quilómetros quadrados. E que «é determinante para a afirmação internacional da Região na área da Ciência e da Investigação».
«Temos um laboratório vivo, que se pretende imaculado, no sentido de servir a Humanidade. Esta área, que é também a maior reserva nacional, será determinante no futuro para a afirmação da nossa Região como um polo aglutinador das investigações sobre as alterações climáticas, o aquecimento nos mares, a reprodução das espécies.… Enfim, todas as mudanças que estão a acontecer e que será fundamental para o nosso futuro estudá-las», salientou.
Naquelas ilhas, lembra, os Vigilantes da Natureza desenvolvem um trabalho importantíssimo. Profissionais que, «ao longo de décadas, sofreram e bem sofreram condições muito difíceis, para que, desde 1976, a Reserva das Selvagens continuasse a ser uma das reservas mais importantes do País».
Por outro lado, ressalvou, «o Estado português também percebeu a necessidade de termos meios coercitivos para evitar incursões de variada ordem, que estavam a acontecer naquelas ilhas» «Foi uma grande decisão nacional termos ali a Polícia Marítima», adiantou.
O presidente do Governo Regional anunciou ainda ser sua intenção «continuar a fazer o recrutamento para o rejuvenescimento deste Corpo».
A outro nível, assumiu que a Região tem três grandes desafios pela frente, sendo que o primeiro é, para além da salvaguarda das nossas áreas protegidas, termos, face às alterações climáticas, «a capacidade financeira e a logística para construirmos e desenvolvermos zonas de corta-fogo, sobretudo nas zonas montanhosas do arquipélago».
«Temos de ir criando novos parques naturais. Gastamos todos os anos milhões de euros na limpeza de espécies infestantes, mas é um trabalho inglório, porque elas voltam a crescer, se não criarmos espaços que sejam utilizados pela população e que sejam salvaguardados através do seu uso diverso, seja recreativo, educativo e outras atividades, até agrícolas», defendeu.
O segundo grande desafio: passa pela necessidade de se diversificar «a oferta dos espaços turísticos visitáveis na Natureza, de modo a diminuir a carga turística em determinadas zonas, que estão sobrecarregadas, e dirigi-la para outras zonas».
Desta forma, anunciou, a Região ira continuar «a construir novas áreas de lazer, novas áreas de vistas, novas atrações como o teleférico no Curral ou a ponte suspensa no concelho da Calheta, a par de novos percursos florestais».
Haverá ainda que se continuar a efetuar cobranças destes espaços que são utilizados e a utilizar essas verbas na manutenção desses mesmos espaços. «Não há nenhuma polémica, toda a gente aceita isso e é assim que se faz em todos os países», complementou.
O último dos desafios é o que se prende com as espécies infestantes, como o eucalipto ou a acácia. «Algumas, como a tabaqueira, são mais fáceis de combater. Outras são mais difíceis. Mas, é um trabalho para termos ao longo dos próximos anos, até de modo a proteger a Laurissilva», concluiu.
Na cerimónia de hoje foram entregues duas novas embarcações semirrígidas ao Corpo de Vigilantes da Natureza e louvados/elogiados oito membros do CVN.